Fratricídio


Corrupção preta dói demais
Chibatada dentro da senzala fere infinitamente.
Até tu Zumbi?
 “Pouca tinta”, eu?

Separem todos os matizes da negritude brasileira
Ficaremos com um nada aguado.
“O mestiço não é nem o sim nem o não, é o talvez”.
Mentira!

Perguntem ao porteiro do prédio
Interroguem o policial
Eles não terão dúvida
Em apontar a consistência da minha melanina

Sou negra
Meus dentes brancos trituram qualquer privilégio retinto
Meu sangue negro corrói a hipocrisia parda
Mela o mito da democracia racial
Corre maratonas libertárias
Rasga as entranhas e reluz
Das cinzas à fênix

No fundo do olho há uma verdade viva
Muito além da minha cor.


Autora: Cristiane Sobral
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